- O "Hospital Doors - Rock História" é um apanhado geral da nossa história como banda e como amigos. Todo mundo tem coisas pra contar, e nós vamos contar coisas especiais e interessantes e que nunca contamos pra ninguém.
Tudo isso começa hoje, 09 de novembro de 2009, dentre outras coisas, e ao longo da semana, você vai ter em primeira mão boa parte das nossas vidas, além de algumas fotos, depoimentos,links e um monte de coisas que de uma forma ou de outra ainda nos faz sentido,ou não.
Se quiser, pega a pipoca, um café, ou fica lendo ai mesmo, como começou, a HISTÓRIA VAI COMEÇAR.
Hospital Doors - Rock História - PARTE 01
Uma das coisas mais legais de ser músico e ter uma banda é que, de certa forma, isso é quase igual a primeira bicicleta. Só que neste caso, você não compra ou ganha um instrumento e sai dando voltinhas pela calçada, rua, ou prédio, onde acaba fazendo vários amigos, porém, boa parte dos meus amigos nasceram das baquetas e ao longo do tempo formaram o HOSPITAL DOORS.
De Certa forma, O Hospital Doors, que nem pensava em existir, está relacionado ao começo de 2004, ano que saiam discos como “Grab That Gun” do The Organ, “Hopes and Fears” do Keane, “You Are The Quarry” do Morrissey, “Antics” do Interpol e mesmo um “Funeral” do Arcade Fire, que com o tempo, acabariam como referências, bandas que gostamos, além de muitas outras é claro.
Foi em junho/julho deste ano que conheci o Michel Gomes, o vulgo “Tonel”. Na época, juntamente com o Damien Campos, o Ronnie Petterson e o Caio Poppi. Estava acontecendo uma feira sobre meio ambiente no Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro, onde nós, todos estudantes da rede pública de educação fomos visitar, sendo que eu era de um colégio diferente. Por esta época, o Michel fazia SENAI, curso de Eletro-técnica Industrial, juntamente com o Anacreone, vulgo “Fiio”, que estudava comigo. A feira tinha um palco legal, além de atrações de dança, gincana e um monte de coisas, havia espaço para garotos dos colégios tocarem uma composição própria, e foi ai que a coisa toda começou. O Michel perguntou ao Anacreone se ele não conhecia um baterista, eles tinham uma música, queriam tocar, era uma coisa meio ambientalista, à par com a feira, e foi ai que eu entrei na história. A música, composta em parceria entre o Michel e o Damien era:
“Uma letra muito interessante falando sobre a poluição da natureza, como nesta época já ouvíamos rock pesado a letra foi ácida e marcante, tínhamos um grupo, não sabíamos tocar, e ainda faltava baterista.”(Damiem Campos)
Nós trocamos contato, passei meu endereço e a rapaziada toda aportou em casa naquela tarde. O Caio tocava guitarra, junto com o Tonel, enquanto o Damien que tocava guitarra também, ficaria só cantando. De baixista veio o Maycon Sambinelli, que estudava comigo e posteriormente se tornaria o lendário “SAMBINELLA”. A música ficou pronta, “tivemos somente um dia pro ensaio”. No outro, nos apresentamos. Um bando de garotos sujos, fazendo um som ambientalista, meio Green Peace (nada contra), e ainda por cima, pesado, bastante pesado, um Heavy Metal Tradicional em português, que como diria o Michel — “Vai vendo”. Foi uma “embriaguez de sucesso”. Haviam quatro desarrazoados pulando em frente ao palco, batendo cabeça, enquanto o Damien gritava:
— “Vamos agitar galera!”
O resto do pessoal do evento, ficou no mínimo assustado. Prefiro não comentar o que acho que eles pensavam. Hoje, acho que é meio que um consenso adjunto o que tempos depois o Damien expressou com:
“Obviamente a musica não foi bem executada, mas, veio a vontade de continuar e vermos até onde chegávamos.”
Realmente aquilo para nós havia sido ótimo, bom mesmo, bom de verdade. Quer montar uma banda?
De Angra a SlipKnot
Montar uma banda. Este é o sonho de todos os garotos que tocam alguma coisa nos tempos do colégio, é quase como querer ser piloto de avião na infância. Então, nós montamos uma banda, uma coisa sem nome. O lendário “Sambinella” era “muito bom” e foi ai que o Ronnie apareceu na história. Claro, ele era uma dos desarrazoados que haviam pulado em frente ao palco na feira do meio ambiente, tocava baixo, era o “grunga”, tinha um Nirvana cover, segundo o Michel parece que era o KillSwitch.
O problema era que, como conjugar influências e músicas que vão de Angra a SlipKnot, passando pelo Nightwish do Damien, o Nirvana do Ronnie e o fanatismo por Iron Maiden do Caio? Com um agravante, nós não tínhamos a técnica necessária para tocar boa parte dessas músicas. Começava as tardes ensaiando “Enter Sandman” do Metallica.
Do “puro” Trash Metal ao Pop
Foram vários os contratempos, entre outras coisas eu deixei o “Enter Sandman” e os planos de tocar mais covers de bandas de metal com a antiga “formação” sem nome. Foi ai que montei com um pessoal o indescritível “SANTA FÚRIA”. Não há dúvida que aquela foi uma época divertida, porém, com uma das piores coisas que já fizeram no mundo, sem dúvida! Com composições próprias como “Fogo do inverno”, “Fúnebre”, “Apocalipse” e uma garotada que não sabia dar sequer três notas nos instrumentos.
Claro, o Gustavo Baro (Atual guitarrista do Hospital e meu primo) era o vocalista e um dos membros desta jangada do tártaro. Porém uma das coisas interessantes que foi como ele mesmo disse: — “O motivo de eu ter começado a tocar foi quando surgiu da idéia de ter uma banda de metal, essa idéia, surgiu com quem hoje é o baterista do Hospital Doors”. E ainda por cima, como ele me disse depois:
“O Santa Furia pra mim foi uma das coisas mais legais que já teve, dai que surgiu a vontade de tocar, mesmo o som sendo muito ruim, as musicas violentamente do mal, o empenho para a banda era muito grande, carregava um amplificador de voz nas costas por alguns quilômetros debaixo de sol, e dai também surgiu a lenda da musica "o ex-vocalista do Fúria". Cara adoro aquele som podre e não tocado.”
A banda também contava na época com um dos meus amigos, o Rodrigo Lourenço, que mais tarde se eternizaria como o famoso Pedestal Humano, o “Pedes” para os íntimos, pois na falta de um pedestal de microfone nos ensaios, ele acabava mesmo servindo de “pedestal humano”.
*A foto é um pouco mais recente que a época do Santa Fúria, mais ai estão Gustavo Baro e Rodrigo Lourenço, o "Pedestal Humano", membros e idealizadores do Fúria!
Mas a verdade, é que a coisa não foi o esperado. Era impossível ser. Ai se desmanchou. Reencontrei o pessoal do meio ambiente e foi ai que veio a idéia:
— “Hey, o que acha de ganhar dinheiro tocando?”
Em 2005, apesar da sujeira, dos rifes pesados a galera do meio ambiente até gostava de umas coisas mais leves, ou diga-se, comercial, só o Caio que não aceitava. Foi ai que novamente juntei as baquetas com o Damien na guitarra e voz, o Michel na guitarra e o Ronnie no baixo e também no vocal. Daí saíram dias de “4X você” do Capital, “A Mais Pedida” do Raimundos, o “Last Kiss” do Pearl Jam, Áudio Slave, o “Enter Sandman”, logicamente não poderia faltar, além de mais uma porção de blábláblá! Também, foi desta época que começaram as composições próprias da banda, entre os quais a memorável canção “Poço das Almas”.
Nós ensaiávamos no porão da casa de uma tia minha, um lugar fantástico, legal mesmo, e onde passamos várias tardes. O Íris acabou tocando no casamento de um tio do Damien, além de uma ou duas apresentações em colégios. Nós também havíamos ganho o FERA (Festival de Artes da Rede Estudantil), com mais uma apresentação especial em 2006, onde tocamos o bom e velho “Enter Sandman”. Como lembrou a Raíra Porto, namorada do Michel e que de certa forma foi espectadora desta saga:
* - FERA, 2005 (da esquera para a direita) Ronnie Petterson, Michel Gomes, Damien Campos e Marlon Fiori -
“O FERA foi um acontecimento incrível nessa trajetória de amizade e musicalidade, pois na época o Íris era o Michel, o Marlon, o Ronnie e o Damien. O FERA ajudou eles a tomarem um certo rumo na musica e perceberem que talvez esse “negocio de musica” pudesse dar certo. ( Um adendo fenomenal, no FERA os meninos ficaram conhecidos como “ o Metallica”).”
“O Iris foi o ponto inicial da nossa vontade de compor como banda, eu lembro dessa época com muito carinho, pena que a vida prega certas peças nem um pouco engraçadas na gente.” (Michel Gomes)...
*Mais duas fotos do FERA.
Continua no próximo episódio...
Texto: Marlon Fiori
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